Depois da confirmação do primeiro ataque com mísseis de longo alcance norte-americanos contra solo russo, a Ucrânia aguarda uma retaliação que Moscovo já deu como inevitável. Acompanhamos aqui, ao minuto, o evoluir da situação no leste da Europa.
Depois da confirmação do primeiro ataque com mísseis de longo alcance norte-americanos contra solo russo, a Ucrânia aguarda uma retaliação que Moscovo já deu como inevitável. Acompanhamos aqui, ao minuto, o evoluir da situação no leste da Europa.
Celal Gunes - Anadolu via Reuters Connect
O ministro dos Negócios Estrangeiros assumiu na última noite, em entrevista à RTP3, ter ficado preocupado com a alteração do protocolo nuclear russo, decidida pelo presidente Vladimir Putin esta semana.
Os Estados Unidos planeiam reabrir na quinta-feira a sua embaixada na Ucrânia, que fechou hoje devido ao receio de um ataque russo em grande escala, a que se seguiu o encerramento de outras representações diplomáticas ocidentais, incluindo a portuguesa.
"Esperamos que a embaixada volte ao funcionamento normal amanhã [quinta-feira]", confirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em conferência de imprensa, sublinhando que o Governo norte-americano leva a segurança do seu pessoal no estrangeiro "extremamente a sério" .
O porta-voz referiu que até ao momento não se verificaram as informações de Washington sobre a possibilidade de ocorrer hoje um grande ataque russo em Kiev, embora tenha ressalvado que a Ucrânia tem sido "alvo de bombardeamentos significativos nos últimos dias e essa ameaça existe sempre".
Miller esclareceu que o encerramento da embaixada não implicou a saída de qualquer membro do corpo diplomático norte-americano no país.
"Baseamos a nossa avaliação de segurança em todas as informações que temos à nossa disposição e tentamos ser extremamente cautelosos para proteger o nosso pessoal", frisou.
Os Estados Unidos, Portugal, Espanha, Itália, Grécia e Canadá fecharam as portas das suas embaixadas na Ucrânia durante o dia de hoje, após Washington ter divulgado informações a dar conta da iminência de bombardeamentos intensos contra Kiev.
O encerramento das representações ocidentais ocorreu depois de a Ucrânia ter lançado, na segunda-feira e pela primeira vez, um ataque contra a região russa de Bryansk utilizando mísseis de longo alcance ATACMS, fornecidos pelos Estados Unidos, bem como mísseis britânicos Storm Shadow hoje contra solo russo.
Os ataques foram realizados logo após a "luz verde" sem precedentes do Presidente norte-americano cessante, Joe Biden, à utilização pelas forças de Kiev de mísseis norte-americanos de longo alcance contra a Rússia.
Em resposta, na terça-feira, dia em que assinalaram mil dias sobre o início da invasão russa da Ucrânia, o líder do Kremlin, Vladimir Putin, assinou um decreto que aumenta as possibilidades de utilização das armas nucleares da Rússia.
Várias potências ocidentais tinham já alertado que consideravam inaceitável a mobilização de cerca de dez mil militares norte-coreanos para lutar ao lado do Exército russo na região fronteiriça de Kursk, invadida pelas tropas ucranianas em agosto.
Esta escalada militar na guerra da Ucrânia ocorre numa fase em que as forças ucranianas lidam com uma progressão das tropas russas na região leste de Donetsk, e procuram segurar as suas posições em Kursk.
Foto: Anne Kauranen - Reuters
Os Estados Unidos apontam o dedo a Moscovo no corte dos dois cabos submarinos no Mar Báltico. A Rússia nega as acusações. Portugal tem 20 destes cabos que carregam todas as informações secretas. As forças armadas acreditam que a Rússia tenta roubar esses dados sempre que passa em águas portuguesas.
Foto: Reuters
O presidente da Ucrânia admite uma derrota face à Rússia se o próximo presidente dos Estados Unidos cancelar o apoio militar. A actual Administração norte-americana anunciou um novo pacote de ajuda no valor de 275 milhões de dólares. E depois dos mísseis ATACMS fornecidos pelos Estados Unidos, a Ucrânia atacou território russo pela primeira vez com os mísseis Storm Shadow cedidos pelo Reino Unido.
A decisão foi tomada após as autoridades norte-americanas terem alertado para um ataque aéreo em grande escala da Rússia, o que levou outras representações diplomáticas ocidentais em Kiev, incluindo a portuguesa, a encerrar.
"A embaixada do Canadá em Kiev suspendeu temporariamente os seus serviços ao público devido à situação de segurança", revelou o Governo canadiano numa mensagem publicada no seu `site` oficial, justificando com "informações específicas sobre um possível ataque aéreo substancial", de acordo com dados de Washington.
Além do Canadá, os Estados Unidos, Portugal, a Espanha, a Itália e a Grécia adotaram a mesma medida.
O encerramento das embaixadas ocidentais ocorre pouco depois de a Ucrânia ter lançado pela primeira vez um ataque contra a Rússia utilizando mísseis de longo alcance ATACMS, fornecidos pelos Estados Unidos, bem como mísseis britânicos Storm Shadow.
Na terça-feira, dia em que assinalaram mil dias sobre o início da invasão russa da Ucrânia, o Presidente russo, Vladimir Putin, assinou um decreto que aumenta as possibilidades de utilização das armas nucleares da Rússia.
Várias potências ocidentais tinham já alertado que consideravam inaceitável a mobilização de cerca de dez mil militares norte-coreanos para lutar ao lado do Exército russo na região fronteiriça de Kursk, invadida pelas tropas ucranianas em agosto.
Esta escalada militar na guerra da Ucrânia ocorre numa fase em que as forças ucranianas lidam com uma progressão das tropas russas na região leste de Donetsk, e procuram segurar as suas posições em Kursk.
O presidente chinês, Xi Jinping, apelou à união de "mais vozes" por uma "solução política" na Ucrânia. Já o Brasil, o Chile, a Colômbia e o México, por seu turno, exprimiram o desejo que se evite "uma corrida às armas" devido ao conflito russo-ucraniano.
O presidente da Ucrânia destacou a importância das minas antipessoais, disponibilizadas pela Administração Biden esta quarta-feira, para ajudar a "deter os assaltos russos".
Os Estados unidos deverão reabrir a sua embaixada na capital ucraniana, e retomar as operações normais, esta quinta-feira, anunciou o Departamento de Estado.
Foto: Danil Shamkin via Reuters Connect
Paulo Rangel confirmou à RTP o encerramento temporário da embaixada portuguesa em Kiev, após as 15H00 locais, explicando que a decisão foi formalizada por não se saber quando poderá ser reaberta a sede diplomática portuguesa na Ucrânia.
O ministro da Defesa advogou hoje o reforço do contributo nacional para o pilar europeu da NATO "não por causa de Trump mas por causa de Putin" e perante uma Rússia "que já funciona em economia de guerra".
"Para conseguirmos estar do lado certo da História, do lado dos nossos aliados, na defesa desses valores, temos de assumir as responsabilidades que nos são pedidas, em favor da segurança coletiva, reforçando o contributo nacional para o pilar europeu da Aliança Atlântica", defendeu Nuno Melo, que falava no encerramento do congresso da Associação de Auditores de Cursos de Defesa Nacional 2024, que decorreu na Academia Militar, na Amadora, Lisboa.
Nuno Melo alertou para estimativas que apontam que "o investimento russo em Defesa para 2025 deverá ultrapassar a globalidade do investimento dos 27 países-membros da União Europeia".
"Isso deve fazer-nos refletir a todos, ponderado que a Rússia funciona já em modo de economia de guerra", avisou.
Neste contexto, continuou o governante, tal significa a obrigação também de Portugal de investir mais em Defesa "não por causa de Trump, mas por causa de Putin", citando o nome indicado para o cargo de comissário para a Defesa e o Espaço, o ex-primeiro ministro lituano, Andrius Kubilius.
Nuno Melo defendeu as medidas já adotadas pelo atual Governo PSD/CDS-PP para os militares das Forças Armadas, e realçou que Portugal decidiu ainda "reforçar o papel que lhe compete na NATO", antecipando para 2029 o objetivo de chegar aos 2% do Produto Interno Bruto em despesas militares.
"Não obstante, recordaria também as declarações de há três dias do Secretário-Geral da NATO, que, expressando certamente o sentimento dos aliados, adverte que 2% é já uma meta porventura ultrapassada, e para isso indica valores superiores a 3%", advertiu.
O esforço de Portugal, continuou, deverá ser feito "junto dos aliados", até para "reforço da credibilidade" do país, "tendo obviamente também necessariamente em conta todas as contingências orçamentais".
"Mas é bom que percebamos o caminho e para onde o mundo, no plano político, também nos vai conduzindo", acrescentou.
Foto: Remo Casilli - Reuters
Perante milhares de peregrinos, entre os quais a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, Francisco evocou os mil dias de guerra. Pediu para que as armas deem lugar ao diálogo.
Foto: Tiago Petinga - RTP
O presidente da República afirma que os mil dias de invasão russa na Ucrânia foram um teste à NATO e que este é um momento "psicologicamente importante" e sensível.
Os Estados Unidos vão fornecer à Ucrânia minas antipessoais, para reforçar a defesa do país contra a invasão da Rússia, revelou um dirigente governamental norte-americano.
Estados Unidos e Espanha decidiram encerrar temporariamente as respetivas representações diplomáticas na capital ucraniana, face a avisos de um "potencial ataque aéreo significativo" por parte da Rússia. Washington aconselhou mesmo os cidadãos norte-americanos a estarem preparados para se deslocarem imediatamente para um abrigo, em caso de alerta de bombardeamento.
Desde o início da invasão russa da Ucrânia, Moscovo tem alertado o Ocidente para "linhas vermelhas" que não poderiam ser ultrapassadas no seu apoio a Kiev, sob ameaça da escalada militar e de um conflito global com a NATO.
O caso mais recente foi a aprovação na terça-feira pelo líder do Kremlin, Vladimir Putin, de um decreto que alarga a possibilidade de utilização de armas nucleares, depois de os Estados Unidos terem autorizado Kiev a atacar solo russo com mísseis norte-americanos de longo alcance.
As ameaças de Moscovo remontam, porém, à década que antecedeu a invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a propósito de uma alegada ingerência ocidental para depor o regime ucraniano pró-russo na revolução Euromaidan em 2014, do apoio militar desde então às autoridades de Kiev e, sobretudo, da sua aspiração de aderir à NATO.
Ameaça à Rússia e sanções
No dia da invasão ucraniana, que cumpriu mil dias na terça-feira, Vladimir Putin argumentou que a sua "operação militar especial" resultava de uma "ameaça real aos interesses e à existência do Estado [russo] e da sua soberania".
O líder mencionou na ocasião que se tratava de uma "linha vermelha" há muito apontada e que tinha sido ultrapassada, numa referência concreta à expansão da NATO no leste europeu.
Alguns dias depois, o Presidente russo mandou colocar em alerta máximo as forças de dissuasão do seu Exército, que podiam incluir a componente nuclear, devido a "declarações agressivas" do Ocidente e ao anúncio de sanções contra Moscovo, que na altura comparou a "uma declaração de guerra".
Tanques modernos
Após o envio pelos aliados de Kiev de equipamento militar da era soviética, os parceiros ocidentais acabaram por ultrapassar as suas hesitações e autorizar no início de 2023 o envio de tanques modernos, que incluíram o alemão Leopard 2, o britânico Challenger 2 e o norte-americano Abrams.
Reagindo à "luz verde" de Berlim, a Embaixada russa na capital alemã advertiu que se tratava de uma medida "extremamente perigosa" e que levava o conflito para "um novo nível de confronto".
No mesmo mês, o antigo Presidente russo e número dois do Conselho de Defesa Nacional, Dmitri Medvedev, alertava que o patrocínio do Ocidente a Kiev e uma derrota da Rússia poderia transformar uma guerra convencional num conflito nuclear, numa das suas várias declarações catastrofistas e que começaram a ser pouco consideradas.
Adesão da Finlândia e Suécia à NATO
O Kremlin avisou em abril de 2023 que tomaria "contramedidas" após a adesão da Finlândia à NATO, considerando o alargamento da Aliança Atlântica como "um atentado à segurança" da Rússia e retomaria o mesmo discurso no seguimento da posterior integração da Suécia, após décadas de neutralidade de Estocolmo.
A par desta retórica, Moscovo começou a abandonar os tratados internacionais que regulam os arsenais nucleares desde a Guerra Fria, enquanto transferia armas nucleares táticas para a Bielorrússia, que faz fronteira com a Lituânia, Estónia e Polónia, três membros da NATO, além da Ucrânia.
Caças F-16
Solicitados por Kiev desde o início do conflito, os caças norte-americanos F-16 começaram a sobrevoar os céus da Ucrânia no último verão, após a formação em tempo recorde de pilotos e pessoal de terra da Força Aérea ucraniana, no âmbito de uma coligação internacional liderada por Países Baixos e Dinamarca e também integrada por Portugal.
No seguimento da "luz verde" de Washington, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo declarou que o uso dos F-16 aumentaria o risco de um confronto militar direto entre Moscovo e a NATO e estes caças modernos passariam a ser um alvo militar legítimo para a Rússia, "onde quer que voem".
Ataques à Rússia
Ao fim de mais de dois anos de guerra, os Estados Unidos deram em maio um aval excecional para o uso defensivo do seu armamento num raio limitado do solo russo, em consequência da invasão russa de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia.
O acordo de Washington para salvar a segunda maior cidade ucraniana - a que se juntou também a Alemanha e o Reino Unido - levou Putin a dizer que os países ocidentais estavam "a brincar com o fogo", numa ameaça reiterada após sucessivas transferências de armamento de ataque e antiaéreo dos aliados da NATO, mas de utilização exclusiva no seu território.
Mísseis ATACMS
Num mês marcado pela eleição do republicano Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos, levantando dúvidas sobre a continuação do apoio militar de Washington a Kiev, o Presidente cessante, Joe Biden, autorizou no domingo o uso de mísseis de longo alcance contra a Rússia.
O Kremlin já tinha considerado anteriormente que este aval era uma das suas principais "linhas vermelhas" e suscetível de uma crise nuclear.
Em reação ao anúncio norte-americano de domingo e à primeira utilização das forças ucranianas de mísseis norte-americanos de longo alcance ATACMS na região russa de Bryansk, o chefe da diplomacia de Moscovo, Serguei Lavrov, ameaçou com uma "resposta apropriada" e a uma "nova fase" da guerra.
O seu Ministério já tinha associado um eventual ataque com armas norte-americanas em território russo a uma "participação direta dos Estados Unidos e dos seus satélites", que significaria uma "mudança radical na essência e na própria natureza do conflito".
Depois do acordo de Washington, o Reino Unido e a França confrontam-se com a mesma decisão, sendo que a Alemanha já declarou que não autoriza o uso dos seus mísseis Taurus, com uma capacidade de penetração superior no dobro dos cerca de 300 quilómetros dos ATACMS.
Mas esta posição poderá mudar se o atual chanceler, Olaf Scholz, perder para a oposição as próximas legislativas, em fevereiro.
Os Estados Unidos vão fornecer à Ucrânia minas antipessoais, para reforçar a defesa do país contra a invasão lançada pela Rússia, disse um dirigente governamental norte-americano.
Washington vai enviar para Kiev "minas antipessoais não persistentes", equipadas com um dispositivo de autodestruição ou autodesativação, disse à agência de notícias France-Presse, na terça-feira à noite, a mesma fonte, que não foi identificada.
A decisão surgiu horas após fontes do Pentágono terem dito que os Estados Unidos vão enviar para a Ucrânia 275 milhões de dólares (260 milhões de euros) em novas armas, antes de Donald Trump tomar posse como Presidente dos Estados Unidos, a 20 de janeiro de 2025.
A administração de Joe Biden está a apressar-se para fazer o máximo que puder para ajudar Kiev a combater a Rússia nos dois meses que restam ao atual Presidente norte-americano, pois o pacote de ajuda está ainda por aprovar.
A última parcela de ajuda em armamento surge num momento em que crescem as preocupações sobre uma escalada no conflito, com ambos os lados a pressionar para obter qualquer vantagem que possam explorar se Trump exigir um fim rápido para a guerra, tal como o presidente eleito prometeu fazer.
Na segunda-feira, Biden autorizou a Ucrânia a disparar mísseis de longo alcance na Rússia, com o Presidente russo, Vladimir Putin, a aumentar a parada e a decretar a possibilidade de o exército da Rússia utilizar armas nucleares.
As autoridades norte-americanas afirmaram que a mudança de estratégia da Rússia na doutrina nuclear era esperada.
No entanto, Moscovo alertou na terça-feira que o novo uso do Sistema de Mísseis Táticos do Exército, conhecido como ATACMS, pela Ucrânia, dentro da Rússia poderá desencadear uma resposta forte.
Foto: Carlos Barria - Reuters
A Ucrânia atacou pela primeira vez território russo com mísseis de longo alcance fornecidos pelos Estados Unidos. Moscovo promete uma resposta apropriada e acusa a Ucrânia e o Ocidente de quererem agravar o conflito.
Foto: Yuri Kochetkov - EPA
A Rússia promete responder com armas nucleares em caso de um ataque com armamentos convencionais. O presidente Putin assinou uma nova doutrina nuclear do país no dia em que a Ucrânia atacou território russo com mísseis de longo alcance ocidentais.
O arsenal nuclear é o último recurso a que o presidente russo poderá recorrer passados que estão mil dias da guerra na Ucrânia. Com a chegada de Donald Trump à Casa Branca, um cenário em cima da mesa poderá ser a tentativa de ganhar uma derradeira vantagem em possíveis negociações apadrinhadas pelo novo presidente norte-americano.
O Pentágono encara com naturalidade à atualização da doutrina russa do nuclear e fala de retórica irresponsável de Moscovo, considerando no entanto que se tratará de mera retórica e que não existe verdadeira intenção de usar esse tipo de armamento.
O ataque da Ucrânia à Rússia com mísseis de longo alcance dominou a Cimeira do G20 no Brasil. França a Alemanha acusam Putin de estar a agravra a situação de guerra. O presidente americano manteve o silêncio.
Foto: Nuno Patrício - RTP
Apesar dos recentes desenvolvimentos, o presidente da República disse que não está à espera "que haja uma perda de controlo e uma escalada" no conflito entre a Rússia e a Ucrânia.